quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

É por ti

É por ti que se enfeita e se consome,
Desgrenhada e florida, a Primavera
É por ti que a noite chama e espera
És tu quem anuncia o poente nas estradas.
E o vento torcendo as árvores desfolhadas
Canta e grita que tu vais chegar.
Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Pontes

As palavras que dirigimos a quem amamos, não são palavras. São ruas, são estradas, são caminhos...São pontes.

domingo, 22 de novembro de 2009









Entre tantas pessoas que conhecemos, elegemos apenas algumas para aninhar no coração toda a vida. Porquê? Amamos a igualdade ou a diferença? Peças diferentes que por isso se encaixam, ou almas gémeas que vêem a vida através de um mesmo olhar? O mundo dos afecto é misterioso, insondável e surpreendente.
Quando amamos alguém, fazêmo-lo porque sim, entregamo-nos e é só. Depois, os afectos encarregam-se de limar arestas e de encontrar linhas paralelas, de traçar tangentes ou perpendiculares...

O teu nome...

Flor do acaso ou ave deslumbrante,
Palavra tremendo nas redes da poesia,
O teu nome como o destino chega,
O teu nome, meu amor, o teu nome nascendo
De todas as cores do dia!


Alexandre O'Neill, O teu nome

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Dizer o mundo

Quero dizer o mundo, mas ele resiste às minhas tentativas de ser traduzido em palavras. O discurso poético permite, sem dúvida, uma aproximação mais subtil, e também mais volátil. O poema lê-se, relê-se, alcança o éter e provoca incessantemente uma reactivação da leitura. O mundo todo está nas palavras.
Tal como Eugénio de Andrade "Gosto das palavras que sabem a terra, a água, aos frutos do Verão, aos barcos no vento; gosto das palavras lisas como seixos, rugosas como pão de centeio. Palavras que cheiram a feno e poeira, a barro e a limão, a resina e a sol. Palavras rumorosas de sangue, colhidas no espaço luminoso da infância, quando o tempo era cheio, redondo, cintilante.As palavras necessárias para conservar ainda os olhos abertos ao mar, ao céu, às dunas, sem vergonha, como se os merecesse e a inocência pudesse de quando em quando habitar os meus dias. As palavras são a nossa salvação."

domingo, 25 de outubro de 2009

ser humano

A evolução do ser humano não é obra exclusiva da natureza. Com a cultura e a capacidade de transmitir conhecimentos de geração em geração o humano é também um produto evolutivo de si próprio. Para o bem e para o mal.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Significância

Da nossa própria prisão, de dentro de nós mesmos, neguemos a nossa insignificância.

terça-feira, 29 de setembro de 2009


Por vezes, decidir pode tornar-se numa imensa interrogação

sábado, 19 de setembro de 2009

O valor das coisas

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Fernando Pessoa

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Evasão


Planar na vastidão imensa do céu...

sábado, 5 de setembro de 2009

Nós e as palavras


"Nenhuma palavra alcança o mundo, eu sei.
Ainda assim, escrevo."
Mia Couto

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Aprender

Há vários métodos de aquisição de sabedoria: por reflexão, que é o mais nobre; por imitação, que é o mais fácil e por experiência, que é o mais dificil. No entanto, o que experienciamos pode não nos trazer qualquer saber. É necessária a vontade de aprender, de saber, de fazer da vida (mesmo do que ela tem de doloroso) uma experiência significante e de contínua aprendizagem.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Cegueira mental


"O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses. "
José Saramago in Diário de Notícias, de 2009.08.11

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Reflexões
















Em "Breves encontros com o Dalai-Lama - 108 reflexões para alcançar a serenidade" percebemos a necessidade de aprender a pacificar e a controlar estados mentais negativos ou opressores e de desenvolver a paz, a calma e a sabedoria. Sendo a infância um período importante de construção da personalidade, deixo aqui uma dessas reflexões e felicito aqueles que naturalmente fazem destas verdades um modo de estar na vida.

"Os adultos, sejam ou não pais, deviam pensar na maneira de dispensar o máximo de afecto possível às crianças que têm a seu cargo. De facto, a educação não consiste unicamente em desenvolver o intelecto, mas também em desenvolver tudo o que respeita à inteligência do coração e às qualidades humanas como a compaixão, a gentileza, a benevolência, o sentido das responsabilidades. Consiste igualmente em ensinar às crianças que, no mundo, estamos todos ligados, a fim de que desenvolvam uma consciência profunda das consequências dos seus pensamentos e dos seus actos. Por fim, o que é muito importante, os adultos devem apontar o exemplo àqueles que enquadram e educam, pois o exemplo é a melhor maneira de ensinar o que pretendemos transmitir."

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Se...


"IF", de Rudyard Kipling, é um dos poemas da minha vida.
Convido-vos à leitura e à reflexão.










SE...
Se podes conservar o bom senso e a calma
num mundo a delirar, para quem o louco és tu;
se podes crer em ti com toda a força da alma
quando ninguém te crê; se vais faminto e nu
trilhando sem revolta um rumo solitário;
se à torpe intolerância, se à negra incompreensão,
tu podes responder subindo o teu calvário
com lágrimas de amor e bênçãos de perdão
se podes dizer bem de quem te calunia,
se dás ternura em troca aos que te dão rancor
mas sem a afectação de um santo que oficia,
nem pretensões de sábio a dar lições de amor;
se podes esperar sem fatigar a esperança,
sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho,
fazer do pensamento um arco de aliança
entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho;
se podes encarar com indiferença igual
o triunfo e a derrota;
se podes ver o bem oculto em todo o mal
e resignar sorrindo ao amor dos teus amores.
se podes resistir à raiva e à vergonha
de ver envenenar as frases que disseste
e que um velhaco emprega eivadas de peçonha
com falsas intenções que jamais lhe deste;
se podes ver por terra as obras que fizeste,
vaiadas por malsins, desorientando o povo,
e sem dizeres palavra e sem um termo agreste
voltares ao princípio para construir de novo.
se puderes obrigar o coração e os músculos
a renovar um esforço há muito vacilante,
quando no teu corpo já afogado em crepúsculos
só exista a vontade a comandar;
se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre,
se vivendo entre os reis conservas a humildade
se inimigo ou amigo, poderoso ou pobre,
são iguais para ti à luz da eternidade;
se quem conta contigo encontra mais que a conta,
se podes empregar os sessenta segundos
de cada minuto que passa em obra de tal monta
que o minuto se espraia em séculos fecundos.
Então, ao ser sublime,o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os templos, os espaços.
Um novo sol rompeu
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos
pairando numa esfera acima deste plano
sem recear jamais que os erros te retomem.
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te meu filho... Então, serás um HOMEM!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Fúria das Vinhas


" A felicidade é uma pontuação, não é uma frase. E só a pode sentir no auge das emoções quem sofreu intensamente."


Francisco Moita Flores, A Fúria das Vinhas

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Elogio da preguiça


Preguiça ou inércia essencial?

A preguiça é uma experiência de imanência e de individualidade.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Retrato











Tens nos olhos a luz que me faltava.
Agora posso ver o que não via:
O rosto da alegria
No teu rosto.

"Retrato ", Miguel Torga

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Urgente

Urge caminhar no trilho dos afectos.
Sempre.

domingo, 19 de julho de 2009

Mundo imperfeito




Imperfeito este mundo
E contudo
Recoberto de flores

Issa Kobayashi

Eterno olhar

Abstracção. Ruído à volta e o silêncio cruzado de olhares.
Inolvidável.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Estrela da tarde









Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste, tal rosa tardia,
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
(...)


Meu amor, meu amor! Minha estrela da tarde!
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.

(...)


Foi a noite mais bela de todas as noites que me aconteceram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram e da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

(...)

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto.
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto.
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto.


Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

Ary dos Santos

Saudade a vida inteira...

Saudade é tornar presentes os momentos bons.

Num pomar de laranjeiras ou noutro sítio qualquer, saudade a vida inteira...







Jurarei,

eterno amor,

saudade

a vida inteira

ao nascer do sol

no Pomar das Laranjeiras.

E, se o dia

não vier,

voltarei

de qualquer maneira

só para te ver

no Pomar das Laranjeiras.

É tão grande

o meu amor...

Foi assim

logo à primeira;

só será maior

no Pomar das Laranjeiras.


domingo, 5 de julho de 2009

O caderno de Saramago







José Saramago, o único Prémio Nobel da Literatura da Língua Portuguesa, considera que ser escritor é uma maneira de entender o mundo. Do seu blog no site da Fundação José Saramago, constam, nas palavras do autor " comentários, reflexões, simples opiniões sobre isto e aquilo, enfim, o que vier a talhe de foice".
Descobre O Caderno de Saramago!

domingo, 28 de junho de 2009

Sonho

Em Memorial do Convento, tal como na vida humana, o sonho assume importância primordial. Reflictamos:
- A construção do convento e da passarola são resultado do sonho;
- O sonho pode traduzir-se na vontade que o homem sempre manifestou para ultrapassar a questão da mortalidade;
- O sonho permitiu ao homem aproximar-se de Deus através do seu talento;
- O sonho comanda a vida.

Sim, o sonho comanda a vida. Lembremos o que nos ensina o poema Pedra Filosofal, de António Gedeão.


sábado, 27 de junho de 2009

Pensamentos





A vida é uma constante aprendizagem. Memorial do Convento apresenta-nos alguns motivos de reflexão.

-"...os homens...valem sempre o mesmo, tudo e coisa nenhuma..." (cap.X);


-"...não há diferença nenhuma entre cem homens e cem formigas..." (cap.X);


-"...é bem pouco uma nuvem no céu comparada com a nuvem que está dentro do homem..." ( cap. XII)


-"...o mundo de cada um é os olhos que tem..." (cap. XX)

Escultor de palavras








Se perguntarmos, por exemplo, o que é uma casa, todos respondemos de forma diferente. Uns dirão que é um edífico; outros que é um conjunto de pessoas, lembranças, factores, cheiros, plantas ou animais. Saramago responde que para Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas era olharem-se; que para Jesus era estar acompanhado por Maria de Magdala e que para Ricardo Reis era um lugar de trânsito e de vida em suspenso.
Saramago, através do edifício, revela sempre as intimidades da vida quotidiana, a grandeza e a fragilidade da vida. Saramago também é poeta!

Convido-vos à leitura de alguns dos seus poemas.


Aprendamos, Amor
Aprendamos, amor, com estes montes
Que, tão longe do mar, sabem o jeito
De banhar no azul dos horizontes.

Façamos o que é certo e de direito:
Dos desejos ocultos outras fontes
E desçamos ao mar do nosso leito.



As palavras são novas
As palavras são novas: nascem quando
No ar as projectamos em cristais
De macias ou duras ressonâncias

Somos iguais aos deuses, inventando
Na solidão do mundo estes sinais
Como pontes que arcam as distâncias.


No silêncio dos olhos
Em que língua se diz, em que nação,
Em que outra humanidade se aprendeu
A palavra que ordene a confusão
Que neste remoinho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
Cantos de ave pousada em altos ramos
Dirão, em som, as coisas que, calados,
No silêncio dos olhos confessamos?



Poema à boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

sábado, 20 de junho de 2009

Memorial do convento

Relembra a visita de estudo realizada a Mafra e alguns aspectos da obra Memorial do Convento através deste vídeo que nos apresenta uma leitura encenada da obra bastante bem conseguida!

Mundo...

Mundo...
Agitado,
Moderno,
Brilhante!
Ou doente?
Angustiado,
Violento,
Indiferente?

Aquela nuvem...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Memorial do Convento

Memorial do Convento é um dos mais populares romances de José Saramago. Podemos considerá-lo um romance histórico auto-reflexivo e ucrónico.
Evoca a História portuguesa do reinado de D. João V (séc. XVIII), à mistura com uma versão alternativa da História e aspectos do maravilhoso repletos de simbolismo.
Para conhecer melhor a obra de que falamos, proponho a realização das actividades que se encontram no site:

http://www.malhatlantica.pt/lpo/gracieteana/memorial_cruzadas.htm

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Do mundo da leitura à leitura do mundo


A leitura é um processo de contínua aprendizagem, ajuda-nos a pensar e a ler o mundo e a sua complexidade.
As bibliotecas são (e sempre foram) um importante instrumento de cultura e de inclusão social.

Convido-vos a visitarem um mundo mágico muito especial: o das bibliotecas itinerantes. O I Encontro Internacional das Bibliotecas Itinerantes realiza-se de 12 a 14 de Junho na Batalha.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Memória colectiva

Qualquer comemoração pretende demonstrar que o acontecimento remomorado, pelo seu carácter simbólico, deve permanecer no futuro. Podemos questionar se existirá neste enunciado - passado, presente, futuro - uma possibilidade de encontro? Sim , o passado da História e o presente da nossa memória permitem a consolidação de uma memória colectiva que permanecerá. No entanto, é importante que ela seja uma interpretação do passado ( e não o passado) e uma esperança no futuro.
Proibamos a obliteração da nossa memória colectiva.

sábado, 6 de junho de 2009

Para ti


PARA TI
[Mia Couto]

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Perdidamente

Folhas à solta

BEM-VINDOS!


Todos nós temos coisas que queremos guardar, quer seja por motivos pessoais, profissionais ou pura diversão. Folhas à solta é um espaço para guardar tudo aquilo que vale a pena.