sexta-feira, 17 de julho de 2009

Estrela da tarde









Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas
Tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste, tal rosa tardia,
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
(...)


Meu amor, meu amor! Minha estrela da tarde!
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.

(...)


Foi a noite mais bela de todas as noites que me aconteceram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram e da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

(...)

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto.
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto.
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto.


Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

Ary dos Santos

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